Mostrando postagens com marcador Opinião. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Opinião. Mostrar todas as postagens

5 de novembro de 2021

Conversa sobre ciência e divulgação científica

divulgacao cientifica
 

Há alguns meses concedi uma entrevista à assessoria de comunicação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, instituição onde leciono e tenho projetos na área de divulgação científica.

Na oportunidade, pude falar um pouco sobre o método científico, sobre a importância da ciência na sociedade e sobre o LADIQ (Laboratório de Divulgação Química do Sudoeste da Bahia), o programa de divulgação e educação científica do qual sou uma das coordenadoras.

Veja a matéria clicando aqui e conheça um pouco do trabalho do laboratório.

 

🏃🏻‍♀️Siga @ensinodequimica no Instagram para ver mais!

 

➕ Livros sobre o tema:

21 de julho de 2016

Coleção de livros didáticos de Ciscato, Pereira e Chemello



Os queridos colegas Luís Fernando Pereira e Emiliano Chemello, juntamente com seu companheiro de longa data Carlos Alberto Ciscato, lançaram recentemente sua nova coleção de livros didáticos de Química pela editora Moderna. Agora a editora resolveu liberar 3 capítulos de "degustação", para que possamos ter uma noção de como está esta nova coleção. 
 
Acessem os links abaixo e conheçam o trabalho dos nossos colegas:



 
Como professora de Estágio Supervisionado e Prática de Ensino de Química, costumo fazer avaliação de livro didático com meus alunos. Estudamos diversos aspectos dos livros como a parte gráfica, o currículo oculto, a proposta pedagógica dos autores, os recursos pedagógicos utilizados e os possíveis obstáculos epistemológicos presentes no texto ou nas imagens. Já fizemos análise de edições anteriores destes livros e percebemos sua qualidade técnica e a preocupação dos autores em passar uma imagem da Química como uma ciência que busca melhorar o dia-a-dia da sociedade. 
 
Ao verificar estes capítulos de "degustação" da nova coleção percebo como os autores tiveram a preocupação de melhorar ainda mais a qualidade técnica da obra e atualizando os temas abordados nas seções que buscam fazer a ligação do macro com o micro.
 
Bom trabalho, meninos! A nova coleção está show!
 

18 de maio de 2008

Para onde vai o ensino?

Outro dia recebi por e-mail o texto que colocarei a seguir. Parece piada, mas o pior é que não é!

"Um Supermercado deu provas para candidatos a caixa ler e preencher um cheque. De 50 canditados, só passavam um ou dois.

Um homem comprou um produto que custou R$ 1,58. Deu à balconista R$2,00 e pegou na bolsa 8 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Ele tentou explicar que ela tinha que dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.

Por que contar isso? Porque nos damos conta da evolução do ensino de Matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de Matemática em 1950: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?

2. Ensino de Matemática em 1970: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de vendaou R$ 80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de Matemática em 1980: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Qual é o lucro?

4. Ensino de Matemática em 1990: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Escolha a resposta certa,que indica o lucro: ( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

5. Ensino de Matemática em 2000: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. O lucro é de R$20,00. Está certo? ( )Sim ( )Não

6. Ensino de Matemática em 2007: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você consegue ler coloque um X no R$20,00. ( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00"


Seria cômico se não fosse trágico! Percebam que não se trata só do ensino de Matemática. Se trata do ensino de um modo geral, de todas as disciplinas! A cada dia que passa, os alunos aprendem menos nas escolas básicas. A cada dia que passa, menospreza-se mais e mais a capacidade que os sujeitos têm de raciocínio, de aprendizado, de busca pelo conhecimento. Principalmente das crianças, que são ótimas nesse aspecto!

Tenho um amigo, um antigo professor, que dizia que a escola é que estraga a capacidade de aprendizado e a criatividade das crianças. A flor, quando tiver que ser desenhada e pintada, deve ter o caule verde, as pétalas vermelhas e o miolo amarelo. Se a criança desenha uma flor com as pétalas pretas, é logo advertida pela professora! Todo mundo tem que andar no mesmo ritmo e aprender da mesma forma. E, como isso é impossível, o jeito é trabalhar "por baixo", num nível e numa qualidade que não exija muito dos alunos, em que a resposta seja, estatisticamente, mais satisfatória.

E, nesse ritmo, vamos criando adultos semi-analfabetos, qua mal sabem escrever o próprio nome. Querem ter a dimensão disso? Leiam os blogs, discussões no Orkut e em redes sociais de toda espécie na internet. A qualidade do que se escreve é, na maioria das vezes, vergonhosa!

Outra forma de você saber o que anda acontecendo com o resultado do trabalho da escola básica é conversar com um professor do Ensino Superior. Pergunte como são seus alunos e vai se surpreender! Os alunos ficam bitolados a sentar numa carteira e esperar que o professor lhe dê o que vai cair na prova. E só. Se o professor exige mais que isso do aluno, o fracasso, em termos de avaliação, é geral!

O que quero com esse texto é dizer aos professores e responsáveis pela escola básica, que não deixem a escola se tornar mais um espaço fútil e inútil na vida das pessoas. Sejam mais exigentes com os alunos, cobrem que eles trabalhem suas mentes e que corram atrás do conhecimento pretendido! Faz-se muito pouco nesse sentido e ninguém mais quer ter o trabalho de raciocinar. E acaba não aprendendo a fazê-lo. E acaba achando que isso é desnecessário em suas vidas. E acaba como aquela balconista da história lá de cima.


Alcione Torres Ribeiro

29 de março de 2008

Retrocesso na educação?

Saiu hoje (29/03/2008) no jornal O Estado de São Paulo, uma matéria com o título Retrocesso na educação. Quando li, não acreditei!

O jornal acusa o MEC de promover um retrocesso na educação, no momento em que tenta moralizar o Ensino Superior privado no país. Segundo o jornal, "a preocupação com a qualidade, em outras palavras, seria pretexto para criar empecilhos para empresas multinacionais que pretendam investir no mercado educacional brasileiro" e diz que o MEC usa as frases "escola não é padaria" e "educação não é mercadoria" como alegação para as intervenções que vem fazendo e que ainda pretende fazer, considerando essas como frases como vazias ou pouco consistentes para justificar suas ações.

Ora, minha gente, todo mundo sabe como "anda" o Ensino Superior privado no Brasil. O aluno passa por um pseudo vestibular, só para constar, e já está lá dentro. Se sabe escrever o próprio nome, já está valendo! Conta-se nos dedos de uma mão as instituições que realmente podem ser chamadas de "instituições de ensino superior" nesse país. A grande maioria é um aglomerado de analfabetos funcionais que só estão ali pelo diploma, para conseguir algum status e um emprego melhor. O resultado é: profissionais cada vez menos competentes no mercado!

Vocês podem perguntar: o que ela sabe sobre o assunto para afirmar essas coisas? Dei aula recentemente numa faculdade particular e o quadro que vi foi alarmante! Meus alunos não queriam ter o trabalho de estudar. Achavam que tudo o que precisavam saber para ser o profissional que escolheram, eu teria que dar em sala de aula, e com muito cuidadinho, pois eles entendiam somente metade das coisas que eu dizia! Cheguei ao cúmulo de perguntar, a uma turma que me causou muitos problemas, como tinham passado no vestibular sem saber aquele mínimo que eu lhes pedia? Não sabiam operar com números decimais!!!! Não sabiam o que era uma regra de três!!!! Achavam que os elétrons ficavam no núcleo do átomo, mesmo depois de uma aula utilizando slides com os vários modelos de átomos já elaborados!!!! Esses mesmos alunos e outros, reclamaram de mim várias vezes em coordenações de curso por que eu dava muito assunto difícil! Vejam que não reclamavam do meu método! Reclamavam do que tinham que saber para serem engenheiros e nutricionistas!

Querem mais exemplos de como a coisa funciona dentro dessas instituições? Vou lhes dar mais dois.

Meu marido, que ensina na mesma instituição que ensinei, outro dia teve que encarar o pai de uma aluna, que o ameaçava de tudo quanto é barbaridade, já que tinha poder suficiente. Era um juiz, desembargador, sei lá o que! O motivo? A filha do sujeito, que se achava mais doutor que meu marido que é realmente doutor (em Química), era relapsa: não estudava, faltava muito e acabou sendo reprovada na disciplina! O pai queria a aprovação da filha a qualquer custo!

O outro exemplo aconteceu com um amigo que lecionava numa faculdade dessas "pé-de-chinelo" em Salvador. Não recebia salário havia meses e ainda foi quase massacrado por uma turma que reclamou com a direção da faculdade, pois ele dava muito assunto, assuntos muito difíceis. O coitado lecionava Antroplogia e os alunos não queriam saber de nada! Chegaram ao cúmulo, num dia em que ele teve uma conversa séria com a turma, após uma avaliação em que praticamente todos foram mal, de dizer a esse meu amigo: "Professor, não perca seu tempo querendo ensinar essas coisas difíceis pra gente. Dá o diploma e pronto! É só o que a gente quer. A gente não quer aprender Antropologia!".

Então, me digam: dá para continuar assim? O MEC está ou não está certo em querer moralizar, exigir qualidade e impedir que essas faculdades "pé-de-chinelo" se espalhem e continuem jogando no mercado profissionais incompetentes? O capital externo do qual o jornal fala, vale esse sacrifício para o país?

O ensino não é uma mercadoria!


Para ler a matéria, clique aqui.



18 de dezembro de 2007

Coitadização do professor

Hoje me deparei com uma matéria da Veja, indicada por um colega da comunidade Professores(as) de Química do Orkut, com o título "O professor desvalorizado". De acordo com o autor da matéria, o professor não é desvalorizado pela sociedade e a profissão não é vítima de preconceito. O autor usa uma pesquisa do Inep para confirmar suas idéias de que o professor é tido como um coitado pelo discurso infantil de alguns, já que, os pais entrevistados concederam média acima de 8 para os professores dos seus filhos. Diz ainda que, onde quer que vá, vê manifestações de apreço e encorajamento aos professores, pois há vários prêmios destinados à categoria!

Entendo, com isso, que o autor diz que os professores são muito folgados e reclamam de barriga cheia! São uns "fanfarrões"! Já que todo mundo acha que ser professor é a melhor coisa do mundo, que a profissão é muito valorizada, por que a cada dia que passa menos pessoas querem se tornar professores? (Veja pesquisa do MEC sobre escassez de professores indicada na postagem anterior chamada Apagão do Ensino Médio) Não entendo o que esse indivíduo quis dizer com todas aquelas palavras da matéria e como teve a coragem de se expor dessa maneira sendo que quase nada conhece da situação dos professores desse país e parece de outro planeta! Sim, pois para dizer tudo o que disse só vivendo em Marte!

A falta de reconhecimento do importante papel do professor na sociedade e a consequente desvalorização do magistério é gritante e não há como negar que temos culpa nisso. Deixamos que nos digam o que fazer e como fazer, deixamos que instituições financeiras ditem os rumos da educação e não nos pergunte: "O que acham disso?". O professor é, todos os dias, massacrado nas instituições em que trabalham, pois deixam bem claro que mais do que aquilo ali ele não vai conseguir e emprego está difícil para todo mundo, imagine para um "reles professor". E a gente acredita!! E a gente baixa a cabeça!! E a gente acha que é isso mesmo!! Aí vem uma pessoa como o autor dessa matéria com a coragem de nos dizer que merecemos, que somos privilegiados por não nos culparem pelo nosso fracasso! E o que fazemos? Lemos a matéria e nos desesperamos!

Eu só posso dizer, ao ler aquele texto, que tenho pena de quem lê a Veja, pois eu não leio!

Vou parar por aqui, pois já não estou mais em condições de ser polida em minhas palavras!

Quem quiser ler o texto clique aqui.

6 de dezembro de 2007

Apagão do Ensino Médio

Hoje recebi um e-mail sobre um documento do MEC chamado Escassez de professores no Ensino Médio: propostas estruturais e emergenciais. Esse documento é um relatório produzido por uma Comissão Especial instituída para estudar medidas que visem a superar o défcit docente no Ensino Médio.

O que está lá nós já sabíamos, mas agora está escrito num documento do governo! Mas não pensem que porque é um documento do MEC a Comissão foi branda em falar sobre os gritantes problemas do Ensino Médio. A expressão utilizada que mais me chamou a atenção foi "Apagão do Ensino Médio". De acordo com a pesquisa feita pela Comissão, com o advento do FUNDEB (que pretende ampliar o acesso ao Ensino Médio) e considerando os altos índices de evasão dos cursos de licenciatura, o resultado deverá ser um "apagão".

O mais interessante é que na nossa área essa situação de escassez é a pior! De acordo com o documento, o percentual de evasão nos cursos de Licenciatura em Química é de 75% contra uma média de 50% dos outros cursos.

O estudo mostra que, entre as causas apontadas para o baixo interesse dos jovens pela profissão estão: baixos salários, superlotação das salas de aula e violência nas escolas. Qualquer semelhança com sua situação não é mera coincidência, caro colega. Quem de vocês nunca ouviu alguém dizer: "Vai ser professor? Mas você tem capacidade para fazer um curso melhor!". Ou nunca passou pela situação de tentar realizar uma aula prática numa sala com 50 alunos totalmente indisciplinados e desmotivados? E quem nunca ouviu falar ou até passou pela situação de ser ameaçado por algum aluno em sala de aula? Um amigo meu foi ameaçado de ser "furado" por um aluno e chamou a polícia. A direção não gostou da atitude do professor, mas eu teria feito a mesma coisa!

Bom, mas voltando ao assunto, todos nós sabemos porque quase ninguém mais quer ser professor. Para sustentar a família, o sujeito precisa trabalhar 60 horas por semana e ainda assim não consegue levar os filhos à praia no fim do ano! As condições de trabalho são, em sua maioria, ridículas. Desumanas até! Então, como o professor pode ser professor nessa situação? Quando falo de "ser professor" quero dizer que para atuar, o sujeito precisa estudar e se atualizar constantemente; planejar suas aulas de forma que use métodos e recursos diversificados de ensino; preparar aulas práticas; preparar avaliações e corrigi-las; compreender como seus alunos pensam, aprendem e se relacionam com o que aprendem.

Bom, colegas, o que nos resta é tentar fazer com que o que está escrito nesse documento se torne nosso recurso na busca de uma saída para a nossa situação, para que não haja esse "apagão" e, conseqüentemente, a extinção de nossa profissão. Como fazer isso? Ainda não sei e peço a colaboração de vocês no espaço de comentários aí embaixo!

Quem quiser ter acesso ao documento clique aqui.

Grande abraço a todos!

Veja também: