Outro dia recebi por e-mail o texto que colocarei a seguir. Parece piada, mas o pior é que não é!
"Um Supermercado deu provas para candidatos a caixa ler e preencher um cheque. De 50 canditados, só passavam um ou dois.
Um homem comprou um produto que custou R$ 1,58. Deu à balconista R$2,00 e pegou na bolsa 8 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Ele tentou explicar que ela tinha que dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.
Por que contar isso? Porque nos damos conta da evolução do ensino de Matemática desde 1950, que foi assim:
1. Ensino de Matemática em 1950: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?
2. Ensino de Matemática em 1970: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de vendaou R$ 80,00. Qual é o lucro?
3. Ensino de Matemática em 1980: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Qual é o lucro?
4. Ensino de Matemática em 1990: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Escolha a resposta certa,que indica o lucro: ( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00
5. Ensino de Matemática em 2000: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. O lucro é de R$20,00. Está certo? ( )Sim ( )Não
6. Ensino de Matemática em 2007: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você consegue ler coloque um X no R$20,00. ( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00"
Seria cômico se não fosse trágico! Percebam que não se trata só do ensino de Matemática. Se trata do ensino de um modo geral, de todas as disciplinas! A cada dia que passa, os alunos aprendem menos nas escolas básicas. A cada dia que passa, menospreza-se mais e mais a capacidade que os sujeitos têm de raciocínio, de aprendizado, de busca pelo conhecimento. Principalmente das crianças, que são ótimas nesse aspecto!
Tenho um amigo, um antigo professor, que dizia que a escola é que estraga a capacidade de aprendizado e a criatividade das crianças. A flor, quando tiver que ser desenhada e pintada, deve ter o caule verde, as pétalas vermelhas e o miolo amarelo. Se a criança desenha uma flor com as pétalas pretas, é logo advertida pela professora! Todo mundo tem que andar no mesmo ritmo e aprender da mesma forma. E, como isso é impossível, o jeito é trabalhar "por baixo", num nível e numa qualidade que não exija muito dos alunos, em que a resposta seja, estatisticamente, mais satisfatória.
E, nesse ritmo, vamos criando adultos semi-analfabetos, qua mal sabem escrever o próprio nome. Querem ter a dimensão disso? Leiam os blogs, discussões no Orkut e em redes sociais de toda espécie na internet. A qualidade do que se escreve é, na maioria das vezes, vergonhosa!
Outra forma de você saber o que anda acontecendo com o resultado do trabalho da escola básica é conversar com um professor do Ensino Superior. Pergunte como são seus alunos e vai se surpreender! Os alunos ficam bitolados a sentar numa carteira e esperar que o professor lhe dê o que vai cair na prova. E só. Se o professor exige mais que isso do aluno, o fracasso, em termos de avaliação, é geral!
O que quero com esse texto é dizer aos professores e responsáveis pela escola básica, que não deixem a escola se tornar mais um espaço fútil e inútil na vida das pessoas. Sejam mais exigentes com os alunos, cobrem que eles trabalhem suas mentes e que corram atrás do conhecimento pretendido! Faz-se muito pouco nesse sentido e ninguém mais quer ter o trabalho de raciocinar. E acaba não aprendendo a fazê-lo. E acaba achando que isso é desnecessário em suas vidas. E acaba como aquela balconista da história lá de cima.
Alcione Torres Ribeiro