28 de setembro de 2010

Entrevista com Alfredo Luis Mateus

É com muito prazer que apresento a entrevista que fiz com o prof. Alfredo Luis Mateus, um dos criadores do site pontociência.




Prof. Alfredo, como surgiu a ideia do site pontociência?

Ela veio de um convite para propor um projeto para a FINEP que envolvesse experimentação no ensino de ciências, algo que atingisse todo o Brasil. Pensamos que a internet seria o veículo ideal para o projeto, pelo alcance e pela possibilidade do acesso ser gratuito.

Os experimentos que você divulga no site são criados por você mesmo? Como é a criação e seleção desses experimentos?

No pontociência os visitantes encontram experimentos publicados pela nossa equipe e também por outros visitantes. Qualquer pessoa cadastrada pode enviar roteiros de experimentos e vídeos. Nós selecionamos experimentos de diversas fontes, alguns de livros (muitos deles em inglês), de páginas da internet (também muitas em inglês) ou de sugestões de colegas. Alguns nós criamos ou pelo menos adaptamos para os materiais que encontramos. Não é fácil criar um experimento totalmente novo em 2010. Mas é bem mais fácil adaptar e modificar um experimento para que ele funcione e utilize materiais mais simples e acessíveis.
É importante ressaltar que os textos, fotos e vídeos que publicamos são produzidos por nossa equipe. A idéia do pontociência é que as pessoas contem o que elas fizeram, e não copiar e colar de outra fonte (ou de um vídeo do YouTube) e mandar para nós.

Tanto nos seus livros quanto no pontociência você apresenta experimentos que são de fácil execução em escolas de ensino básico. Como você vê a utilização de aulas práticas nesse nível de ensino? Acontece como você esperava?

Nós tentamos ajudar com uma parte das muitas dificuldades encontradas por professores para fazerem experimentos em sala de aula. A idéia é colocar as sugestões de experimentos e as informações corretas do que acontece nas mãos dos professores. Sabemos que existem outras dificuldades além de não se conhecer experimentos para um determinado assunto. É preciso ter tempo para preparar, achar os materiais, algumas salas tem um número muito grande de alunos, etc. Mas tenho certeza que o principal é o professor acreditar que fazer experimentos e ensinar a partir dos fenômenos é importante, fundamental. Se o professor não tem certeza disso, não haverá laboratório bem equipado que resolva. Pelos comentários e pela visitação do pontociência, creio que muita gente está realizando os experimentos que propomos nas suas escolas, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até mudarmos o ensino de Química baseado apenas no quadro negro.
   
Você sabe dizer se quem mais acessa o pontociência é o professor ou o aluno?

Temos acessos dos dois tipos de usuários, mas eu não saberia dizer quem é a maioria. O nosso foco principal é o professor, mas tentamos usar uma linguagem que permita ao aluno usar o material sem problema, por exemplo para apresentar um experimento numa feira de ciências. E temos uma boa participação de alunos de licenciatura, futuros professores.

Quais os frutos do projeto do site pontociência?

Nós publicamos dois livros com os recursos do projeto. O primeiro foi o “Ciência na tela: experimentos no retroprojetor”. O segundo, bem recente, foi o “Química na cabeça 2: mais experimentos espetaculares para se fazer em casa ou na escola”. Além disso, publicamos um DVD com amostras dos experimentos do pontociência, com vídeos e roteiros no formato PDF. E, no portal, já temos um acervo com mais de 500 experimentos e cerca de 5.000 usuários cadastrados.

Livro Química na Cabeça 2


Quais os planos para o futuro deste site?

Estamos tentando melhorar a navegação e a interatividade, mexendo na programação do portal. Estamos elaborando mais coleções temáticas. No fim do ano sai mais um livro, “Quântica para iniciantes” com projetos muito simples e interessantes. Nossos planos incluem ampliar e melhorar nosso acervo, incluindo mais sugestões para o professor de como usar o experimento em sala de aula.

Você atualmente está envolvido em outros projetos?

Estou planejando atividades para o Ano Internacional da Química - 2011, dando aulas no colégio técnico da UFMG, escrevendo um novo livro paradidático (para 2011) e trabalhando com divulgação científica através do rádio, com novos programas para a rádio UFMG Educativa.

Gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores do blog Ensino de Química?

Visitem o pontociência (http://pontociencia.org.br), opinem, mandem sugestões, perguntas e críticas. E colaborem, enviando os experimentos que vocês costumam fazer com seus alunos. Pode parecer algo simples e você acha que todo mundo conhece, mas nem sempre este é o caso e todo professor dá o seu toque especial à atividade. Compartilhar idéias é uma maneira excelente de crescer como profissional do ensino de Química.

Obrigada, prof. Alfredo.

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O prof. Alfredo Luis Mateus é Bacharel em Química e Mestre em Química Inorgânica pela USP, e PhD em Química Inorgânica pela Universidade da Flórida (EUA). É professor da Universidade Federal de Minas Gerais.

20 de setembro de 2010

Estudo de casos no ensino de Química

educação-química


Estudo de casos no ensino de Química


Autoras: Luciana Passos Sá e Salete Linhares Queiroz

Editora: Átomo

Informações: O método de Estudo de Casos, uma variante do método Aprendizado Baseado em Problemas, também conhecido como Problem Based Learning (PBL), foi desenvolvido com o intuito de colocar os alunos em contato com problemas reais, de estimular o desenvolvimento do pensa-mento crítico, a habilidade de resolução de problemas e a aprendizagem de conceitos da área em questão. Ele possui a característica de enfatizar o aprendizado autodirigido, centrado no estudante. Pesquisas têm mostrado a sua potencialidade na promoção de um ensino que vise o desenvolvimento de conteúdos não apenas informativos, mas também formativos em cursos de Ciências. 
 
 
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18 de setembro de 2010

O experimento de Becquerel


O pontociência traz uma série sobre Radiotavidade que aborda aspectos da história da Ciência, reproduzindo experimentos realizados na época das primeiras descobertas do fenômeno da radioatividade.

Neste episódio, o site reproduz o experimento de Becquerel.

Veja o vídeo abaixo e visite o site pontociência para saber como utilizá-lo em suas aulas.



14 de setembro de 2010

Pele artificial

Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, conseguiu produzir um material eletrônico sensível à pressão a partir de nanofios semicondutores. A conquista abre caminho para o desenvolvimento de um novo tipo de pele artificial.

“A ideia é fazer com que o material tenha funcionalidades semelhantes à da pele humana, o que implica incorporar a capacidade de tocar e de sentir objetos”, disse Ali Javey, professor de engenharia elétrica e de ciência da computação e líder do estudo, cujos resultados foram publicados neste domingo (12/9) na revista Nature Materials. O material, denominado de e-skin (“pele eletrônica”) por seus criadores, é o primeiro feito de semicondutores inorgânicos cristalinos.

Produzir uma pele artificial sensível ao toque ajudaria a vencer um grande desafio na robótica: controlar a quantidade de força necessária para segurar e manipular uma ampla gama de objetos.

“Os humanos sabem como segurar um frágil ovo sem quebrá-lo. Se quisermos que um robô faça isso, ou lave as louças, por exemplo, precisamos ter certeza de que ele não quebrará as taças de vinho no processo. Mas também queremos que o mesmo robô seja capaz de segurar com firmeza uma chaleira sem derrubá-la”, disse Javey.

Um objetivo mais distante é usar a e-skin para restaurar o sentido do tato em pacientes que precisam de membros protéticos. Essas novas próteses exigiriam avanços importantes na integração de sensores eletrônicos com o sistema nervoso humano.

Tentativas anteriores de desenvolver pele artificial se basearam em materiais orgânicos, por serem flexíveis e de processamento relativamente simples.

“Mas o problema é que os materiais orgânicos não constituem bons semicondutores, o que implica que dispositivos eletrônicos feitos com eles precisarão frequentemente de altas voltagens para que seus circuitos funcionem”, disse Javey.

Segundo ele, materiais inorgânicos como o silício, por outro lado, têm propriedades elétricas excelentes e podem operar com pouca energia. Também são quimicamente estáveis. “Mas, historicamente, esses materiais têm sido inflexíveis e fáceis de quebrar”, disse.

“Nesse aspecto, trabalhos de vários grupos de pesquisa, inclusive o nosso, têm mostrado recentemente que fitas ou fios minúsculos de materiais inorgânicos podem ser feitos para que sejam altamente flexíveis, isto é, ideais para eletrônicos e sensores de alta performance”, afirmou.

O grupo californiano utilizou uma nova técnica de fabricação. Inicialmente, os cientistas implantaram fios com espessura nanométrica (bilionésimos de metro) em um tambor cilíndrico. Em seguida, o tambor foi rolado em um substrato pegajoso.

O substrato usado foi um filme polimérico, mas os pesquisadores dizem que a técnica funciona com diversos materiais, como outros plásticos, papel ou vidro.

À medida que o tambor rolava, os nanofios eram depositados no substrato de maneira ordenada, formando a base a partir da qual folhas finas e flexíveis de materiais eletrônicos podem ser construídas.

Os pesquisadores imprimiram os nanofios em matrizes quadradas com 18 por 19 pixels, medindo 7 centímetros de cada lado. Cada pixel continha um transistor feito de centenas de nanofios semicondutores. Os transistores foram integrados sob uma borracha sensível a pressão, de modo a se inserir a funcionalidade sensorial.

A matriz precisou de menos de 5 volts de eletricidade para funcionar e manteve seu rendimento após ter sido submetida em testes a mais de 2 mil ciclos de dobras.

Segundo os autores do estudo, a e-skin foi capaz de detectar pressões de 0 a 15 quilopascals, uma variação comparável com a força usada para atividades diárias como digitar em um teclado de computador ou segurar um objeto.

O artigo Nanowire active-matrix circuitry for low-voltage macroscale artificial skin (doi: 10.1038/nmat2835), de Ali Javey e outros, pode ser lido por assinantes da Nature Materials em www.nature.com/naturematerials.


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